1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
Estado de DireitoAlemanha

Jovem se entrega à polícia após ataque a eurodeputado alemão

Publicado 4 de maio de 2024Última atualização 5 de maio de 2024

Adolescente assumiu ser um dos autores do espancamento de Matthias Ecke, candidato à reeleição do partido do chanceler Olaf Scholz, atacado quando pregava cartazes eleitorais na rua.

https://p.dw.com/p/4fVba
Um homem loiro de óculos falando diante de um púlpito em um evento partidário
O eurodeputado e candidato à reeleição Matthias Ecke, do partido SPDFoto: dts-Agentur/picture alliance

Acompanhado de sua mãe, um jovem de 17 anos se apresentou à polícia e confessou ser um dos autores do ataque brutal a Matthias Ecke, eurodeputado do Partido Social Democrata (SPD) que foi atacado na noite de sexta-feira em Dresden, enquanto pendurava anúncios de sua candidatura ao Parlamento Europeu, anunciaram as autoridades alemãs neste domingo (05/05).

O adolescente foi liberado em seguida, por ser menor, ter residência permanente e ter se entregado voluntariamente, mas continuará sob investigação.

Ecke, 41 anos, foi agredido por um total de quatro indivíduos e teve de ser levado ao hospital devido à gravidade de seus ferimentos.

Presumivelmente, o mesmo grupo havia atacado momentos antes um homem de 28 anos que estava afixando cartazes eleitorais para o Partido Verde na área.

Matthias Ecke é o principal nome do SPD no estado da Saxônia, leste da Alemanha, ao Parlamento Europeu e pertence ao mesmo partido do chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, líder da coalizão de governo do qual fazem parte ainda verdes e liberais.

A eleição para o Parlamento Europeu será em 9 de junho.

Segundo o tabloide alemão Bild, Ecke foi agredido de tal forma que teve ossos quebrados e deve passar as próximas semanas internado. O caso está sob investigação da polícia criminal.

Na noite da quinta-feira, dois políticos do Partido Verde – um deles membro do Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão – foram agredidos em Essen, no estado da Renânia do Norte-Vestfália.

Presidentes regionais do partido na Saxônia, Henning Homann e Kathrin Michel condenaram o ataque a Ecke e afirmaram ter notícias de outras tentativas de intimidação contra militantes do partido, além de vandalização de cartazes eleitorais e xingamentos. Para a dupla, o caso é um "sinal de alarme inconfundível a todos no país".

Governador diz estar chocado com o crime

O governador da Saxônia, o conservador Michael Kretschmer, do partido CDU, falou que o caso é um "atentado contra os valores democráticos".

"O ataque ao principal candidato do SPD, Matthias Ecke, chocou-me profundamente e não é de forma alguma justificável", escreveu Kretschmer na rede social X (ex-Twitter). "Conhecemos ataques e intimidações de concorrentes da época mais sombria da nossa história", acrescentou, em uma referência à perseguição de opositores durante o período do nazismo (1933-1945).

O CDU, apesar de a nível nacional fazer oposição ao governo federal, tem uma aliança com o SPD a nível regional.

Reação nacional

O chanceler Olaf Scholz denunciou a "ameaça" representada pela violência política da extrema direita.

"A democracia é ameaçada por esse tipo de ato", disse Scholz em um congresso de partidos socialistas europeus em Berlim, afirmando que tais ataques resultam do "discurso, da atmosfera criada ao colocar as pessoas umas contra as outras".

"Nunca devemos aceitar tais atos de violência. Devemos nos opor a eles juntos", disse Scholz.

Presidentes do SPD, Saskia Esken e Lars Klingbeil também condenaram o ataque ao correligionário em Dresden. "Esse ataque desonesto atinge todo o nosso partido. É um ataque a militantes que defendem nossa democracia e nosso Estado de direito com fervor", afirmaram em pronunciamento conjunto.

A ministra alemã do Interior,  Nancy Faeser, que é colega de partido de Ecke, condenou o ataque e prometeu uma reação dura. "Se for confirmado que houve um atentado com motivação política ao eurodeputado Matthias Ecke a poucas semanas da eleição, então esse ato grave e violento é também um grave ataque à democracia."

Segundo Faeser, extremistas e populistas são corresponsáveis pelo clima de violência cada vez maior, na medida em que adotam um discurso hostil contra políticos do campo democrático. "Estamos assistindo aqui a uma nova dimensão de violência antidemocrática."

O Departamento Federal de Proteção da Constituição, que investiga ameaças à ordem democrática da Alemanha, aponta o extremismo de direita como a maior ameaça ao país.

Neste ano, em setembro, haverá eleições regionais nos estados da Saxônia, Turíngia e Brandemburgo, todos no leste alemão. O partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) está bem posicionado nas pesquisas de intenção de voto, e pode ser campeão de votos.

Aumenta violência política na Alemanha

Ultimamente tem havido mais notícias de atos violentos contra políticos na Alemanha. Segundo o governo federal, os ataques têm atingido principalmente membros do Partido Verde – só em 2023 teriam sido 1.219 casos, um aumento significativo em relação a 2022, com 575 notificações. Na sequência vêm políticos da AfD, com 575 ataques, e os sociais-democratas, com 420.

A nível nacional, os ataques a políticos de partidos representados no Bundestag dobraram em relação a 2019.

Já as estatísticas da polícia da Saxônia contabilizam 112 crimes com motivação política em 2024, sendo 30 deles contra detentores de mandatos eletivos ou cargos públicos.

ra (dpa, Reuters, AFP, ots)